Com a chegada do mês de Setembro, vem ai o alarido do regresso as aulas.
As preocupações dos pais, na aquisição do material escolar, dos manuais, a compra de roupa nova, sapatos, ténis, fato de banho, touca, chinelos, uma parafernália de coisas essenciais para a vida escolar.
O entusiasmo das crianças, dos adolescentes e de jovens reina, onde a única preocupação ou é a escola nova, os colegas novos, ou até a nova moda das mochilas.
Isto tudo passa-se nas várias famílias portuguesas, mas aqui queria falar sobre as famílias em que as possibilidades são escassas, que enfrentam o regresso as aulas como uma verdadeira aventura de orçamento e psicológica.
Talvez contar uma história fictícia mas com factos reais ajude a perceber a situação de milhares de famílias:
Era uma vez um casal a Maria e o João, que tinham dois filhos era o Afonso de 15 anos, e a Júlia de 10 anos.
O ano escolar de 2009 apresentava-se um verdadeiro desafio a imaginação para este casal na casa dos 30 e tais anos. Uma vez que o Afonso iria entrar no Secundário e a Júlia ia transitava para o 5ºano.
Os filhos deparavam-se com realidades novas este ano em particular, o Afonso escolhera o agrupamento de artes, ainda estava receoso pela escolha que tivera feito, não por não ter um dom especial as artes, mas sim por saber que o agrupamento de artes, era muito dispendioso em termos de material ao longo do ano para os magros salários dos Pais. Mas fora encorajado pelos pais a optar por aquilo que realmente ansiava estudar.
A Júlia ia para uma escola nova, de 2º,3º ciclo, onde sentia-se excitada, onde haveria colegas mais velhos e maiores, e pela primeira vez teria natação. E livros, e horários, completamente diferentes daqueles que estava acostumada na primária, e havia também transportes públicos para a apanhar.
Mesmo com todas estas coisas novas, Afonso e Júlia sabiam que os pais estavam preocupados com todas estas despesas, pois este ano como fora de costume em outros anos, não foram passar férias para a casa da tia da Calheta, porque os pais tinham dito que tinham de economizar todos cêntimos para o regresso escolar.
A Maria e o João tinham de rendimento líquido uns magros 800 euros, com o aluguer da casa de 300 euros, e mais as contas de casa como alimentação agua, luz e gás eram muitas despesas. Nenhum dos dois tinham recebido o subsídio de férias, pois o patrão de Afonso subempreiteiro estava a espera que o Governo Regional pagasse o que devia, e a empresa de limpeza de Júlia alegara prejuízos, e só no Natal conseguiram conceder os subsídios de ferias aos trabalhadores.
Em contas por alto para a escola os dois tinham contabilizado 150 euros de livros para o Afonso, 70 euros para Júlia, o material escolar dos dois rondava os 200 euros onde o material de Afonso era o que mais sobrecarregava, mais vestuário rondava os 80 euros, e senha de almoço para o mês de Outubro com o passe escolar ficava-se para além dos 100 euros. No total 600 euros, e ainda com contas para pagar e a renda igualmente…
E o apoio da Acção Social Escolar era muito escasso e ineficaz para estes Pais.
FIM
Sabem ou algum dia imaginaram a angústia destes pais, sabem o que os filhos pensam sobre esta situação???
Imaginam que Afonso ao adormecer o último pensamento é a revolta pelos os pais, apesar de trabalharem afincadamente, com muito custo e nem conseguem pagar os estudos aos filhos???
Imaginam as lágrimas que lhe correm, quando vem os pais a deixar de comer para os alimentar???
Pois estas situações são reais acontecem, existem bem ao nosso lado.
Eu não sou mãe, mas tenho muito medo que algum dia passe por estas situações.
Só se passa estas dificuldades num regime capitalista, onde a educação é um privilégio para se termos, temos de pagar e bem caro.
O que vai provavelmente acontecer esta família, é não comprar todo o material nem todos os livros, e terem de mendigar umas peças velhas de roupa aos burgueses que vivem ao lado.
E perderem a dignidade, depois de tanto suor e esforço numa jornada diária de trabalho, nem conseguem alimentar e vestir e dar educação os filhos…
P.S- Eu gostaria muito de ser mãe, mas assusta-me este mundo cruel com os cabrões DOS CAPITALISTAS, onde são porcos e insensíveis….